Só tenho pena


Sexta-feira e o sol hoje brilhou na Alemanha, coisa que por aqui não se vê com tanta frequência como gostaria. E aí, como está o tempo? E tu, como é que estás? E, e, e... 


Queria, novamente, falar de tudo e de nada. Chegar à fase da conversa em que debatemos, pela milésima vez, que o trabalho não é nem vale tudo. Que é bom poder respirar fundo e ter alguém com quem partilhar esse respirar. Tu argumentas que não te importas de trabalhar horas a fio e não ter grande vida para além disso, agora que estás a começar. Eu argumento que vais, mais cedo do que pensas, aperceber-te que essa ordem de prioridades não está certa. 

E caio em mim. É sexta-feira, já trabalhei horas extra que davam para ir de férias uma semana e vem aí mais um fim-de-semana em que vou acabar a ver e rever na minha cabeça tudo o que aconteceu e não aconteceu connosco. Quase te mandei uma mensagem esta semana. Recebi uma novidade e a primeira coisa que me apeteceu foi contar-te e saber o que pensavas do assunto. 

Provavelmente, como sempre fizeste, ias encorajar-me a arriscar. Ias dizer-me que devia pôr-me em primeiro lugar e que era palerma por não avançar. Só que, desta vez, eu ia interromper-te e contar-te que vou tentar. Ias ficar contente comigo, ias mesmo. Mas andamos desencontrados e fiquei outra vez num monólogo que não vieste interromper. 

Também deves ter tantas novidades para contar. O fim do curso, o início do trabalho novo, a empresa, as pessoas, os teus amigos que vieram para Lisboa fazer o mestrado este ano... Aposto que estás contente com isso... Só tenho pena que não possas estar contente comigo também.



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